Ao entrar
no solo sagrado (campo de jogo – regra 01), o árbitro (regra 05) percebe o
tanto que é admirado. Uma admiração não agradável, uma admiração vinda da
desconfiança, por considerá-lo inimigo de sua paixão, inimigo do seu time de
coração.
Na verdade
todos aqueles que estão fora do universo da arbitragem de futebol não tem
consciência do que falam sobre os árbitros, críticas sem fundamentos,
destrutivas e malignas, pois estes não possuem o espírito do jogo e sim o
espírito da paixão, e paixão não combina com a razão.
Todavia
este outro universo de pessoas não podem imaginar as dificuldades que um
árbitro de futebol tem para desenvolver sua função. Estas dificuldades tem
início ao comparamos o tanto que ele deve correr atrás da bola (regra 02), porém
não pode toca-la, num espaço que varia de 90 a 120 metros de comprimento por 45
a 90 metros de largura (campo de jogo – regra 01), devendo estar sempre bem
próximo do lance, sem interrupção em sua corrida, sem descanso, podendo ao
final do jogo ter percorrido mais de 14 quilômetros.
ARQUIVO |
Outra
dificuldade que o árbitro encontra principalmente dentro do campo de jogo
(regra 01) é a falta do conhecimento da Carta Magna do Futebol por parte
jogadores (regra 03) e treinadores, isso é uma pedra no caminho do bom
andamento da partida, pois uma simples marcação de falta (regra 12) é motivo
para divergência entre o árbitro e jogadores, e estes sempre querem ter razão
ao ponto que quando entrevistados não medem palavras para falar mal da
arbitragem.
O árbitro
vive constantemente vigiado pelos olhos frios das câmeras de televisão. Sobre
os olhares de desprezos dos torcedores. Dos olhares dos jogadores e treinadores
que sempre o focam como inimigo. Da falta de tolerância e de compreensão quando
um erro é cometido, erro este permitido pela sua natureza humana. Até mesmo
quando do acerto passa não ser acerto, pois todos o julgam pelo coração e não
pela razão, ou simplesmente no caso da imprensa para obter mais IBOPE.
O árbitro
passa toda a sua carreira carregando a imagem de “ladrão”, inimigo da paixão do
torcedor, não importa onde vai apitar, ao entrar no campo de jogo será logo
ovacionado com este “título” e esta dificuldade ele deve tirar de letra, pois
sabe que seu conhecimento da Carta Magna do Futebol o transforma em pessoa diferenciada, o
transforma em árbitro de futebol.
Por
Valter Ferreira Mariano